Vivemos uma era de múltiplas crises — climática, hídrica, alimentar e social. Em meio a esses desafios, um novo paradigma começa a ganhar força: a agricultura regenerativa. Mais do que um conjunto de boas práticas no campo, ela representa uma mudança de mentalidade. Uma proposta que une o cuidado com a terra à prosperidade das comunidades, colocando a vida no centro do sistema produtivo.
Mas qual o papel dessa abordagem na agenda global da sustentabilidade? A resposta está nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que oferecem um roteiro coletivo para um futuro mais justo e equilibrado. A agricultura regenerativa, nesse contexto, não apenas contribui com vários ODS — ela os integra em ação concreta no solo.
Por muito tempo, a agricultura foi vista como parte do problema ambiental. Desmatamento, erosão, uso excessivo de químicos, perda de biodiversidade e emissões de gases de efeito estufa (GEE) estavam entre suas consequências. Contudo, estudos recentes mostram que a agricultura pode ser parte essencial da solução — se transformada sob um modelo regenerativo.
Segundo a Rodale Institute, práticas regenerativas podem sequestrar mais de 1 tonelada de CO₂ por hectare por ano, contribuindo significativamente para a ação climática (ODS 13) e mitigação do aquecimento global (1).
Além disso, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) destaca que solo saudável é a base para a segurança alimentar e hídrica, pilares dos ODS 2 (Fome Zero) e ODS 6 (Água Limpa e Saneamento) (2).
A seguir, veja como essa abordagem se relaciona com os principais ODS:
A transição para sistemas regenerativos exige mais do que técnica. Ela depende de investimento, apoio institucional e vontade política. Organizações como a Rainforest Alliance, o Projeto Drawdown e o World Resources Institute já destacam o potencial da agricultura regenerativa como solução-chave para as metas globais de sustentabilidade7.
Empresas do setor alimentício, como General Mills e Danone, vêm investindo em cadeias de suprimentos regenerativas, respondendo à demanda crescente de consumidores por alimentos com menor impacto ambiental.
A agricultura regenerativa não é uma utopia distante, mas uma realidade que cresce em várias regiões do mundo. Ao se alinhar com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ela oferece um caminho integrado, sistêmico e transformador.
Transformar os sistemas agrícolas é transformar nossas cidades, nossa economia e o nosso futuro. O solo é um ponto de partida silencioso, mas poderoso — e é nele que podemos semear as soluções que o planeta precisa.
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Referência
Rodale Institute. Regenerative Organic Agriculture and Climate Change: A Down-to-Earth Solution to Global Warming. https://rodaleinstitute.org ↩
FAO. Soil and Water: A Source of Life. https://www.fao.org/soils-portal ↩
FAO. The State of Food and Agriculture 2021 – Making agrifood systems more resilient to shocks and stresses. https://www.fao.org/publications ↩
UNEP. Regenerative Agriculture and Water Security. https://www.unep.org ↩
IPCC. Sixth Assessment Report – Climate Change 2022: Mitigation of Climate Change. https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg3/ ↩
FAO & ITPS. Status of the World’s Soil Resources (SWSR). https://www.fao.org/3/i5199e/i5199e.pdf ↩
Project Drawdown. Agriculture Sector Solutions. https://drawdown.org/solutions/sectors/food-agriculture-and-land-use ↩
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