EMPREGO DA NANOTECNOLOGIA EM EMBALAGENS DEALIMENTOS E POSSÍVEIS EFEITOS NEGATIVOS PARA A SAÚDE:UMA REVISÃO

Este capítulo faz parte da coletânea de trabalhos apresentados na VII Semana de Alimentos (Semal), publicado no livro: Avanços e Pesquisas em Ciência dos Alimentos: Novas Tendências e Aplicações. – Acesse ele aqui.

DOI: 10.53934/agronfy-2025-03-33

ISBN:

Anderson Henrique Venâncio1 *; Mônica Aparecida da Silva1 ; Monique Suela Silva2 ; Michelle Carlota Gonçalves1 ; Bruna Azevedo Balduino1 ; Maria Emília de Sousa Gomes1 ; Roberta Hilsdorf Piccoli

*Autor correspondente (Corresponding author) – Email: anderson123dfgh21@gmail.com

RESUMO

No contexto atual, a nanotecnologia tem se destacado nas indústrias de embalagens, oferecendo soluções inovadoras, para melhorar a vida útil dos alimentos, como filmes e plásticos, com partículas de tamanho reduzido (1-100 nm) com efeito antimicrobiano e antioxidante, atuando na liberação controlada dos compostos. Entretanto, o uso da tecnologia em nanoescala pode oferecer alguns riscos à saúde humana sendo necessárias regulamentações específicas acerca de seu uso. Diante deste contexto, este trabalho objetivou realizar uma revisão de literatura, sobre o emprego da nanotecnologia em embalagens de alimentos, analisando seus potenciais riscos à saúde humana, além de apresentar os desafios relacionados à regulamentação e segurança dos nanomateriais. Dessa forma, foram consultados artigos em inglês, utilizando respectivamente as seguintes palavras-chave: nanotecnologia, regulamentação da nanotecnologia, riscos à saúde dos nanomateriais, legislação sobre nanotecnologia, nanosensores e nanoestruturas nas bases Web of Science e Scienc Direct. Observou-se que as nanoestruturas e utilização de nanosensores são as novas aplicações na indústria de materiais para alimentos e que os nanomateriais utilizados tem suas vantagens e desafios. Entretanto, foi constatado que há preocupações quanto à toxicidade e ao possível acúmulo de partículas no organismo humano. Conclui-se que, embora a nanotecnologia ofereça grandes avanços na redução de desperdícios e na melhoria da qualidade dos alimentos, os riscos à saúde e ao meio ambiente ainda exigem mais estudos e uma regulamentação rigorosa para garantir sua segurança e eficácia no longo prazo.

Palavras-chave: Genotoxidade; inovações em alimentos; nanoestruturas; nanosensores; migração de nanopartículas

INTRODUÇÃO

Entende-se por nanotecnologia a ciência que se dedica à utilização, padronização e caracterização de substâncias com partículas reduzidas (1 – 100 nm). É comumente referida como tecnologia em nanoescala, devido à sua capacidade de criar materiais nanoestruturados com propriedades e aplicações inovadoras (1). Nesta tecnologia são produzidos nanomateriais, nanopartículas, nanocompósitos ou nanoestruturas, destacandose por suas notáveis propriedades mecânicas, elétricas, ópticas, funcionais e magnéticas (2).

As características físicas, químicas e físico-químicas dos namomateriais são completamente diferentes quando comparado a sua forma em micro ou macroescala devido à sua miniaturização e maior área superficial (1,2). Assim, a natureza cristalina das nanapartículas também exerce influência sobre as propriedades mecânicas e térmicas dos materiais, podendo determinar sua aplicabilidade que vai desde a engenharia óptica, comunicações, metalurgia, ciência física; química e dos materiais, farmacêutica, até a ciência tecnologia e engenharia de alimentos, podendo ser utilizado como ingrediente e/ou embalagem (3).

No contexto contemporâneo, a aplicação da nanotecnologia em embalagens alimentícias tem ganhado destaque, impulsionando inovações nas embalagens de alimentos (4). A nanotecnologia proporciona soluções específicos para cada setor, melhorando a vida útil de carnes, pescados, vegetais e frutas, aprimorando a segurança alimentar (5).

Portanto, é essencial destacar os aspectos positivos das aplicações atuais da nanotecnologia em embalagens de alimentos. A utilização de nanomateriais permite o desenvolvimento de embalagens mais eficientes, que podem ser adaptadas para atender às necessidades específicas de diferentes tipos de alimentos. Além disso, as propriedades antimicrobianas e antioxidantes, barreiras a gases; UV e umidade, bem como a capacidade de liberação controlada de substâncias ativas, são benefícios fundamentais que contribuem para a conservação e segurança alimentar dos alimentos (2,6,7,8).

O Brasil ainda não dispõe de uma legislação para a utilização dos nanomateriais na indústria de alimentos. Em 2014, a ANVISA (Agência Nacional da Vigilância Sanitária) instituiu o Comitê Interno de Nanotecnologia, cujas atribuições são a elaboração de normas e guias específicos para a avaliação e controle desses materiais, com o objetivo de criar um banco de dados sobre nanopartículas ou nanomateriais relacionados à saúde, além da elaboração de um plano de capacitação. Adicionalmente, embora não haja legislação específica, no ano de 2019 foi instituído a Iniciativa Brasileira de Nanotecnologia como Política Nacional para o Desenvolvimento da Nanotecnologia, com vistas a criar, integrar e fortalecer ações governamentais na área, com foco na priorização da inovação na indústria brasileira e no desenvolvimento econômico e social (9,10,11).

Entretanto, mesmo diante dos avanços promissores, a crescente aplicação da nanotecnologia em embalagens de alimentos suscita questões ambientais, éticas, de saúde e regulamentação. A possibilidade de partículas nanométricas migrarem dos materiais de embalagem para os alimentos levanta uma discussão sobre os potenciais efeitos negativos para a saúde humana. Dessa forma, questões sobre a toxicidade e os impactos a longo prazo desses materiais nanotecnológicos ainda precisam ser compreendidas (2,12). Trabalhos têm demonstrado que as nanopartículas podem passar pelo trato gastrointestinal, inibir bactérias benéficas e chegar a diferentes órgãos dos seres humanos, como o fígado, baço e os rins (12,13,14).

Este estudo abordará, de maneira abrangente, as atuais aplicações da nanotecnologia em embalagens de alimentos, destacando os benefícios proporcionados e fornecendo uma análise crítica dos potenciais efeitos negativos para a saúde. Além disso, serão apresentados os desafios ambientais e regulatórios. Ao constatar tanto os aspectos positivos quanto as preocupações éticas e de saúde, há uma visão equilibrada sobre o papel da nanotecnologia na evolução do setor de embalagens para alimentos e sua interação complexa com a saúde humana.

MATERIAL E MÉTODOS

Neste estudo, foram excluídos artigos que não se encaixavam no tema proposto, ou seja, os que apresentaram falta de texto completo e uma não padronização do título, resumo e da conclusão. Para realização desta revisão de literatura foram consultados artigos em inglês, utilizando uma combinação de palavras-chave, como nanotecnologia, regulamentação da nanotecnologia, riscos à saúde dos nanomateriais, legislação sobre nanotecnologia, nanosensores e nanoestruturas nas bases Scienc direct e Web of Science do portal de periódicos da CAPES.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Emprego da nanotecnologia em embalagens para alimentos

A nanotecnologia tem-se revelado uma aliada valiosa na modernização das embalagens de alimentos. Este avanço tecnológico oferece uma gama de benefícios que vão muito além da mera estética, impactando diretamente a segurança, conservação e praticidade dos produtos alimentícios (15).

Em primeiro plano, a nanotecnologia tem permitido a criação de embalagens alimentares mais eficientes no controle da qualidade (16). Através da manipulação de materiais em escalas nanométricas, é possível ajustar cuidadosamente as propriedades físicas e químicas dessas embalagens para atender às demandas específicas de cada tipo de alimento. Dessa forma, isso resulta em barreiras mais eficazes contra a entrada de agentes externos, como oxigênio, umidade e compostos voláteis, assegurando uma notável extensão na vida útil dos produtos (8,17).

Estudos de encapsulamento de compostos bioativos para aplicação em embalagem de alimentos se tornam cada vez mais interessantes devido à demanda de alimentos próximos ao “natural” (18). Dessa forma, a nanotecnologia pode atender à indústria de alimentos nesse sentido (19). As nanoestruturas surgem como uma oportunidade para causar uma liberação controlada destes compostos. Ressalta-se também que mantém a estabilidade de substâncias antimicrobianas nas embalagens que podem ser sensíveis às condições de processamento de alimentos, além disso, melhoram a ação contra patógenos alimentares (6).

Vafania, Fathi e Soleimanian-zad. (18) prepararam Nanofibras de gelatina/quitosana com proporções 1:6, 1:8 e 1:10, e concentrações de tomilho de 20% e 40%. Os resultados revelaram eficiência de encapsulamento superior a 92%. Essas nanofibras, contendo óleo essencial de tomilho, foram aplicadas na redução de nitrito em salsichas. As avaliações mostraram efeito bactericida contra C. perfringens, sem impacto adverso significativo na cor e nas propriedades sensoriais das salsichas. Os dados indicam que as nanofibras com óleo essencial de tomilho (na forma de embalagem) podem ser um substituto adequado ao nitrito (aditivo químico) em produtos cárneos.

Ansarifar e Moradinezhad (20) investigaram a utilização do óleo essencial de tomilho (TEO), encapsulado em nanofibras de zeína, para conservar morangos. As nanofibras apresentavam morfologia linear, superfície lisa e estrutura sem esferas. Houve um processo físico de encapsulamento, sem interações químicas entre os ingredientes durante a eletrofiação. Além disso, a calorimetria diferencial confirmou a estabilidade térmica do TEO encapsulado. As frutas armazenadas nessas embalagens reduziram significativamente a contagem total de bactérias, fungos e leveduras, enquanto manteve adequado o teor de fenóis totais, atividade antioxidante e acidez titulável dos morangos por 15 dias a 4 °C. O estudo destacou filmes de zeína, mostrando seu potencial em embalagens ativas e preservação de morangos.

Como mencionado anteriormente, a nanotecnologia confere às embalagens propriedades antimicrobianas excepcionais (18). A incorporação de nanomateriais com capacidade de inibir o crescimento de bactérias, parasitas, vírus, protozoários e fungos e leveduras nas superfícies das embalagens não apenas melhora a qualidade dos alimentos, mas também contribui para a segurança alimentar e segurança dos alimentos. Dessa forma, a nanotecnologia se revela um aliado essencial nos riscos de contaminação microbiológica, oferecendo aos consumidores produtos mais seguros e confiáveis (21).

A inovação na conservação dos alimentos proporcionada pela nanotecnologia é essencial. A capacidade de criar embalagens que liberam, de maneira controlada, substâncias ativas, como antioxidantes e conservantes naturais, permite não apenas a prevenção de alterações indesejadas nos alimentos, mas também a redução do uso de aditivos químicos tradicionais, como já foi destacado. Essa abordagem mais sustentável não apenas atende às demandas dos consumidores por produtos mais naturais, mas também contribui para a redução do impacto ambiental associado à produção e descarte de embalagens (22,23). Diversas estratégias são propostas para estudar a liberação controlada de substâncias, podendo ser mencionadas a modificação química de polímeros, a formulação de filmes multicamadas e a aplicação de agentes reticulantes como alguns dos métodos testados ao longo das últimas décadas (24).

Adicionalmente, a nanotecnologia desempenha um papel essencial na concepção de embalagens inteligentes que reagem dinamicamente às condições ambientais e às características dos alimentos. As embalagens inteligentes incorporam dispositivos como códigos de barras, etiquetas de identificação por radiofrequência (RFID), sensores e indicadores. Esses elementos possibilitam a comunicação, monitoramento, detecção, registro, rastreamento e divulgação de informações sobre a segurança, qualidade e história dos alimentos ao longo da cadeia de abastecimento. Além disso, fornecem dados sobre o frescor, especialmente considerando a suscetibilidade à deterioração de muitos alimentos. (25,26). Na Figura 6, há uma ilustração de diferentes sistemas em embalagens inteligentes.

Zhai et al. (26) criaram sensores colorimétricos para sulfeto de hidrogênio, utilizando nanopartículas de prata revestidas com goma gelana, com o propósito de detectar sinais de deterioração em peito de frango e carpa prateada. O sensor apresentou uma mudança de cor de amarelo para incolor quando exposto ao sulfeto de hidrogênio, com um limite de detecção de 0,18 μM em pH 7,0.

Siribunbandal et al. (27) montaram filmes de polidimetilsiloxano (PDMS) incorporados em nanopartículas de polidiacetileno/óxido de zinco (PDA/ZnO) para criar sensores colorimétricos. Ao otimizar a proporção de nanopartículas de ZnO no filme compósito (15% em peso), foi alcançada uma alta resposta colorimétrica de ~51,5% para a detecção de 200 ppm de gás amônia, visível a olho nu. Os sensores mostraram estabilidadetérmica até 100 °C. Demonstraram também seletividade para amônia em comparação com outros compostos orgânicos voláteis. A aplicação prática envolveu a investigação da deterioração de carne de frango e suína sob diferentes condições de armazenamento, observando transições de cor ao longo do tempo. Concluíram que os sensores PDMS em PDA/ZnO têm potencial para serem aplicados como indicadores de frescor em embalagens inteligentes de alimentos.

A adição de nanopartículas de óxido de zinco ou prata a polímeros não só confere propriedades antimicrobianas, inibindo enzimas, impedindo a divisão celular e afetando o metabolismo de micro-organismos, mas também melhora a flexibilidade, a barreira a gases e a estabilidade dimensional dos materiais. Essas nanopartículas fortalecem a resistência a variações de temperatura e umidade, tornando os polímeros mais adequados para diversas aplicações, como embalagens flexíveis e dispositivos médicos, onde a durabilidade, a flexibilidade e a proteção contra agentes externos são fundamentais para o desempenho eficaz desses materiais (26,27).

Sensores nanotecnológicos integrados às embalagens (FIGURA 7) possibilitam a vigilância em tempo real do frescor, temperatura e outros parâmetros, oferecendo informações instantâneas tanto para os consumidores quanto para os produtores. Essa tecnologia inovadora não apenas melhora a experiência do consumidor, mas também desempenha um papel fundamental na diminuição do desperdício de alimentos, permitindo uma gestão mais precisa da cadeia de distribuição e armazenamento (28). Dessa forma, sensores colorimétricos simples de usar, capazes de detectar a liberação de gases provenientes da deterioração de alimentos, são de grande interesse na segurança alimentar, como indicadores de prazo de validade e úteis na gestão de resíduos alimentares (27).

Além dos benefícios tangíveis para a conservação e segurança alimentar, a nanotecnologia em embalagens também tem desempenhado um papel essencial namelhoria da praticidade para os consumidores. A aplicação de nanomateriais em embalagens de fácil abertura (exemplo zíper), reutilizáveis e que se adaptam às necessidades do consumidor, como embalagens termossensíveis, reforça a conveniência e acessibilidade dos produtos alimentícios (29).

À medida que a pesquisa e desenvolvimento em nanotecnologia continuam avançando, novas possibilidades estão sendo exploradas. Um exemplo são as embalagens que mudam de cor em resposta a alterações na temperatura ou que incorporam elementos interativos para oferecer informações adicionais aos consumidores. A nanotecnologia em embalagens de alimentos, portanto, não apenas atende às demandas atuais, mas também promete uma evolução constante, proporcionando benefícios ainda mais notáveis à indústria alimentícia e aos consumidores (31).

A nanotecnologia em embalagens de alimentos suscita questões significativas no contexto ambiental. A produção e o descarte de nanomateriais podem envolver processos industriais complexos e demandar recursos naturais significativos. A falta de diretrizes claras sobre o gerenciamento de resíduos nanotecnológicos levanta preocupações sobre a sustentabilidade a longo prazo desses materiais (32).

Adicionalmente, o impacto potencial da liberação de nanomateriais no meio ambiente após o descarte das embalagens é uma preocupação ambiental séria. A interação dessas partículas com os ecossistemas naturais ainda é pouco compreendida, e a possibilidade de efeitos adversos sobre a flora, fauna e ecossistemas aquáticos destaca a necessidade de avaliações abrangentes de risco ambiental antes da adoção generalizada da nanotecnologia em embalagens (33).

A complexidade inerente à nanotecnologia, aliada à rapidez com que novas formulações e aplicações são desenvolvidas, cria desafios substanciais para os órgãos regulatórios. A ausência de regulamentações específicas e a falta de métodos padronizados para avaliação de riscos à saúde dificultam a implementação eficaz de medidas de segurança (34).

Além disso, a compreensão limitada dos efeitos a longo prazo da exposição a nanomateriais em embalagens de alimentos é uma barreira para a tomada de decisõesinformadas. São necessárias mais pesquisas interdisciplinares e estudos de monitoramento a longo prazo para preencher as lacunas no conhecimento científico (35). Em um cenário em constante evolução, a capacidade dos órgãos regulatórios de acompanhar e regulamentar efetivamente a nanotecnologia em embalagens de alimentos é um componente crítico para garantir a segurança e proteção da saúde dos consumidores.

Efeitos negativos a saúde

A incorporação da nanotecnologia em embalagens de alimentos representa uma revolução na indústria alimentícia, proporcionando inovações que vão além da simples conservação (4). Conforme Mlalila et al. (36) a transição de embalagens passivas para inovadoras é uma resposta às tendências globais, avanços tecnológicos e preferências dos consumidores. Desta maneira, a pesquisa ativa na indústria alimentar visa desenvolver embalagens mais eficazes e eficientes, como as inteligentes e ativas (37). Entretanto, à medida que essas tecnologias emergentes ganham espaço, surge uma discussão essencial sobre os potenciais efeitos negativos para a saúde humana associados à exposição a nanomateriais provenientes dessas embalagens (38). Dessa forma, existem complexidades envolvidas, abordando desde preocupações éticas até possíveis implicações para a saúde, exigindo uma análise cautelosa e equilibrada para orientar decisões futuras sobre o uso de nanomateriais nas embalagens dos alimentos.

As questões éticas associadas à nanotecnologia em embalagens de alimentos levantam debates. A ausência de transparência nas informações sobre os nanomateriais presentes nessas embalagens representa um obstáculo significativo para os consumidores que buscam tomar decisões informadas (37). Questões sobre o direito à informação e à escolha consciente se tornam centrais, exigindo uma regulamentação mais rigorosa para garantir a divulgação adequada sobre a presença dos materiais nanotecnológicos nas embalagens (39). A ética também permeia a necessidade de consentimento informado dos consumidores para a utilização dessas tecnologias, levantando questionamentos sobre a responsabilidade das empresas e dos órgãos regulatórios em garantir a segurança dos produtos, levando em conta a saúde dos consumidores (40).

Diversos tipos de nanopartículas são utilizados em embalagens de alimentos, incluindo as orgânicas, como nanocelulose, nanoamido, nanopartículas de proteína, quitosana e carbono, e as inorgânicas, como nanopartículas de prata, zinco, dióxido de titânio e nanoargila (41). Destaca-se que essas nanopartículas podem estar presentes de forma isolada ou combinada, sendo que as nanopartículas inorgânicas podem potencialmente ter efeitos tóxicos para a saúde humana.

A migração de partículas nanométricas dos materiais de embalagem para os alimentos é uma fonte primária de preocupação quando se discute os efeitos negativos para a saúde (37). A capacidade dessas partículas ultrapassarem barreiras celulares (células de defesa) e interagirem com sistemas biológicos coloca em destaque a necessidade de uma avaliação mais abrangente dos potenciais efeitos tóxicos (42,43).

O processo de migração em embalagens de alimentos é afetado por diversos fatores, incluindo a duração do contato durante o armazenamento, a temperatura durante o armazenamento ou aquecimento durante a preparação, a natureza do contato, as propriedades das substâncias migrantes (como peso molecular, volatilidade e polaridade) e as características dos alimentos (como composição, teor de gordura; proteína e propriedades específicas) (37,43).

Estudos indicam que alguns nanomateriais podem ter características diferentes de suas contrapartes em macroescala, levantando questionamentos sobre a toxicidade dessas partículas e seus impactos a longo prazo na saúde humana, sendo necessários ensaios físico-químicos (in vitro baseado em células) para fornecer avaliações precisas do risco de exposição e previsões do comportamento in vivo e do valor funcional (44,45). A compreensão da biocompatibilidade e das respostas imunológicas a esses materiais ainda está em estágios iniciais, destacando a urgência de pesquisas mais aprofundadas para determinar os riscos associados à exposição (37,46). A figura 8, adaptada de De Sousa et al. (37), demonstra como ocorre a migração de partículas para os alimentos.

A interação entre nanomateriais e o corpo humano é um domínio intrincado e desafiador. A nanotecnologia em embalagens de alimentos pode levar à absorção, distribuição e acúmulo de nanomateriais em diferentes órgãos (47). Nanopartículas de prata (NPs) podem causar neurotoxicidade, genotoxicidade e ir para o fígado, rins, testículos e cérebro. Geralmente, acredita-se que nanopartículas orgânicas, como proteínas, lipídios, amido e quitosana, sejam não tóxicas, pois são totalmente digeridas no trato gastrointestinal humano e não são biopersistentes (41). Vários estudos revelaram que, após inalação ou exposição oral, as NPs acumulam-se, entre outros locais, nos pulmões, trato alimentar, fígado, coração, baço, rins e no músculo cardíaco (48,49) A falta de consenso científico sobre as rotas metabólicas desses materiais e suas consequências fisiológicas dificulta a avaliação precisa dos riscos. Além disso, a variação na resposta do corpo humano a diferentes tipos de nanomateriais e suas formulações complica ainda mais a obtenção de conclusões generalizáveis. A complexidade da interação nanomaterial-corpo humano destaca a necessidade de estudos interdisciplinares e pesquisas que considerem uma gama mais ampla de fatores para entender completamente os possíveis impactos à saúde (37,50).

A migração de nanoestruturas para matrizes alimentares é influenciada por propriedades específicas dos materiais. A difusão envolve o movimento de nanoestruturas de áreas de alta para baixa concentração, sendo sensível a fatores como temperatura, umidade e composição química (51,52). A interação com lipídios ocorre quando nanoestruturas interagem com moléculas solúveis em gordura, incorporando-se em micelas lipídicas. A interação com proteínas forma complexos proteína-nanoestrutura, potencialmente absorvidos pelo sistema digestivo (53). A permeação refere-se à ultrapassagem das nanoestruturas pela barreira da embalagem, influenciada pelas características dos materiais e condições ambientais (52,53).

Stuparu-Cretu et al. (51) sublinham que, apesar dos benefícios associados ao uso de nanopartículas de óxido metálico em embalagens de alimentos, existe uma preocupação relevante acerca da possível liberação dessas nanopartículas nos alimentos. Destaca-se ainda a trajetória dessas nanopartículas no corpo humano, abordando potenciais riscos à saúde, incluindo danos ao ácido desoxirribonucleico (DNA) e disfunções celulares. Notase que, embora seja possível a integração dessas nanopartículas na estrutura da embalagem, situações particulares, como estresse químico, mecânico ou térmico, podem facilitar sua transferência para os alimentos. Esse fenômeno pode levar a uma produção excessiva de espécies reativas de oxigênio, resultando em efeitos adversos nas células.

Dentre as várias nanopartículas amplamente utilizadas na indústria, as nanopartículas de dióxido de titânio, designadas como NPs de TiO2, destacam-se de maneira significativa. Sua coloração branca faz com que essas nanopartículas sejam uma escolha comum como aditivo alimentar. Informações provenientes de bases de dados científicos indicam que as NPs de TiO2 têm o potencial de desencadear inflamação devido ao estresse oxidativo, além de exibirem efeitos genotóxicos, incluindo a indução de apoptose e instabilidade cromossômica (48).

Jayaweera et al. (54) conduziram uma pesquisa acerca das tendências recentes na nanotecnologia, abordando o aprimoramento da biodisponibilidade de alimentos e a aplicação de nanomateriais em embalagens alimentares. Os resultados destacaram melhorias na conservação e segurança dos alimentos; no entanto, ressaltam preocupações sobre os potenciais riscos para órgãos vitais e danos ao DNA associados ao uso de nanopartículas (inorgânicas), introduzindo uma dimensão negativa às considerações de segurança.

A preocupação com os possíveis efeitos negativos para a saúde também se estende aos grupos populacionais mais vulneráveis, como crianças, gestantates, idosos e pessoas com condições de saúde pré-existentes (comorbidades; diabetes e pressão alta), já que esses indivíduos podem ter respostas diferentes à exposição a nanomateriais, exigindo uma avaliação de risco mais específica (55). A falta de estudos abrangentes sobre esses subgrupos aumenta a incerteza sobre os impactos potenciais, ressaltando a necessidade de considerações diferenciadas na regulamentação e na pesquisa. A ausência de padrões globais para a avaliação de risco em nanotecnologia em alimentos cria um desafio adicional, dificultando a comparação e a aplicação consistente de medidas protetivas em diferentes regiões do mundo (56).

A falta de uma legislação uniforme para o uso de nanoestruturas devido à complexidade das análises toxicológicas é evidente. Embora a nanotecnologia tenha trazido inovações, seu uso inadequado pode resultar em problemas de saúde, como câncer e complicações renais (48, 49). Países como os EUA, UE e Brasil estão elaborando listas de nanoestruturas permitidas ou proibidas em embalagens, com especificações de concentrações máximas permitidas em alimentos. Embalagens com nanotecnologia estão sendo gradualmente introduzidas, com cada agência federal desenvolvendo testes e padrões para a aplicação segura de nanoestruturas em seus respectivos países (37). Opossível risco para a saúde após o consumo de alimentos contendo nanopartículas tem sido pouco explorado, mas supõe-se que a toxicidade das nanopartículas depende do seu tamanho, morfologia, taxa de migração e quantidade consumida (48).

A rápida evolução da nanotecnologia impõe desafios significativos aos órgãos regulatórios, que muitas vezes lutam para manter o ritmo das inovações. A falta de regulamentações específicas e métodos de teste padronizados contribui para a incerteza sobre a segurança dos nanomateriais em embalagens de alimentos. Uma abordagem proativa na atualização e aprimoramento das regulamentações é imperativa para garantir a proteção do consumidor (57). Além disso, a necessidade de pesquisa contínua e monitoramento constante dos desenvolvimentos na área é fundamental para manter um entendimento atualizado dos riscos à saúde e permitir ajustes regulatórios conforme necessário.

A discussão sobre os possíveis efeitos negativos para a saúde da nanotecnologia em embalagens de alimentos é multifacetada e complexa. Enquanto as inovações oferecidas por essas tecnologias são indiscutíveis, a segurança dos consumidores deve ser prioridade (37). A abordagem cautelosa e equilibrada para analisar os riscos potenciais, a implementação de regulamentações mais rigorosas e a condução de pesquisas interdisciplinares é essencial para garantir que o progresso na nanotecnologia em embalagens de alimentos seja alcançado sem comprometer a saúde pública (58, 59). A transparência, a ética e o compromisso com a segurança são imperativos enquanto avançamos para um futuro em que a inovação e a proteção do consumidor coexistam harmoniosamente.

CONCLUSÃO

A nanotecnologia pode transformar a indústria de embalagens alimentícias, com soluções inovadoras para aumentar a segurança dos alimentos. A aplicação de nanoestruturas em embalagens inteligentes e ativas, como filmes antimicrobianos e materiais com propriedades de barreira, permite que os produtos alimentícios sejam mais bem protegidos contra patógenos alimentares e condições inóspitas, prolongando a vida útil dos alimentos. Além disso, a nanotecnologia cria embalagens sustentáveis, usando materiais biodegradáveis ou comestíveis, o que reduz o impacto ambiental.

No entanto, apesar dos benefícios evidentes, a introdução de nanomateriais em alimentos e embalagens apresenta alguns desafios. A migração de nanopartículas para os alimentos e seus potenciais efeitos adversos à saúde, como reações inflamatórias e genotóxicas, exige uma avaliação mais aprofundada. A falta de regulamentações específicas para nanotecnologia no Brasil e em outras regiões torna essencial a implementação de normas claras e testes abrangentes para garantir a segurança do consumo e o impacto ambiental.

Com o crescimento da demanda por alimentos mais seguros e nutritivos, espera-se que a nanotecnologia continue a avançar na indústria de embalagens alimentícias, levando a uma melhoria substancial nas propriedades dos materiais e na qualidade dos produtos. A pesquisa e o desenvolvimento em nanotecnologia, juntamente com uma regulamentação robusta e orientada pela ciência, serão essenciais para garantir que as vantagens dessa tecnologia sejam aproveitadas de forma segura e sustentável. As tendências futuras indicam que a nanotecnologia será uma peça-chave para o futuro da embalagem de alimentos, com foco na sustentabilidade, segurança alimentar e inovação tecnológica.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradem o apoio da Universidade Federal de Lavras, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior-Brasil (CAPES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas-Gerais (FAPEMIG).

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