USO DE ADITIVOS NUTRICIONAIS NA MELHORIA DA QUALIDADE DO LEITE

Este capítulo faz parte da coletânea de trabalhos apresentados na VII Semana de Alimentos (Semal), publicado no livro: Avanços e Pesquisas em Ciência dos Alimentos: Novas Tendências e Aplicações. – Acesse ele aqui.

DOI: 10.53934/agronfy-2025-03-12

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Verônica de Freitas Silva ;Wallacy Barbacena Rosa Santos ; Taynna Cristiny de Sousa Silva ; Wanderson Ribeiro de Assis ; Maria Salomé Guimarães de Mello Lucas ; Yasmin Honório Silva ; Laryssa Rodrigues da Silva ; Hellen Cristina de Farias Barros ; Arthur Cezario Pires

*Autor correspondente (Corresponding author) – Email: veronica.freitas@estudante.ifgoiano.edu.br;

RESUMO

A nutrição de vacas de alta produção é um desafio devido à variação nos preços do leite e nos custos de ração, impactando as margens de lucro. O uso de aditivos nutricionais, como bicarbonato de sódio, probióticos e óleos essenciais, oferece uma solução para melhorar a eficiência alimentar sem aumentar os custos excessivamente. Esses aditivos atuam na fermentação ruminal, otimizando o aproveitamento de nutrientes e aprimorando a qualidade do leite. É crucial que a escolha e a administração dos aditivos sejam baseadas em pesquisas científicas robustas, já que muitos produtos no mercado podem não ter eficácia comprovada. Estudos mostram que aditivos podem aumentar a produção de leite, melhorar sua composição nutricional e fortalecer a saúde animal. Para obter bons resultados, é fundamental selecionar os aditivos certos, dosar adequadamente, manter boas práticas de manejo e proporcionar um ambiente adequado para o rebanho. Assim, é possível maximizar a produtividade e a qualidade do leite de maneira eficiente e sustentável, sem comprometer a saúde e o bem-estar dos animais.

Palavras–chave: digestibilidade; estimulante de produção; manejo

INTRODUÇÃO

A nutrição de vacas de alta produção continua sendo um desafio para produtores e nutricionistas, especialmente devido à variação anual nos preços do leite e nos custos de ração, que impactam diretamente as margens de lucro das fazendas leiteiras. Com os custos de alimentação representando entre 35% e 50% dos custos totais da produção de leite, é essencial buscar estratégias de manejo alimentar que aumentem a eficiência sem elevar os custos de forma desproporcional. Entre essas estratégias, o uso de aditivos nutricionais destaca-se como uma opção que pode contribuir para otimizar o desempenho dos animais (EDUCAPOINT,2022).

Os aditivos são substâncias ou microrganismos introduzidos intencionalmente na dieta dos animais, podendo ou não conter nutrientes específicos, mas com o objetivo de promover alterações metabólicas que favoreçam a produtividade. Entretanto, é importante destacar que a inclusão de aditivos não substitui práticas de manejo inadequadas, mas atua como um ajuste fino para maximizar os resultados em sistemas já bem estruturados. Alguns desses aditivos, como bicarbonato de sódio, probióticos e óleos essenciais, agem diretamente na fermentação ruminal, trazendo benefícios ao aproveitamento dos nutrientes (EDUCAPOINT,2022).

A escolha e o uso adequado de aditivos devem sempre ser embasados em pesquisas científicas de qualidade, pois existem muitos produtos no mercado com promessas que nem sempre são comprovadas. A literatura científica oferece evidências sobre os efeitos benéficos de determinados aditivos, o que permite aos produtores tomar decisões fundamentadas para otimizar a nutrição animal e a qualidade do leite. Essa abordagem é fundamental para assegurar que a utilização de aditivos traga resultados consistentes e duradouros, potencializando a produtividade sem comprometer a saúde do rebanho (EDUCAPOINT,2022).

Os aditivos alimentares têm como principais objetivos melhorar a eficiência alimentar e aumentar os ganhos diários dos animais. Além disso, alguns aditivos oferecem benefícios adicionais, como a redução da incidência de acidose e coccidiose, enquanto outros ajudam a suprimir o estro, minimizar abscessos ou prevenir problemas como a podridão de cascos. No Brasil, diversos aditivos são autorizados para uso em ruminantes, entre eles tampões, ionóforos, antibióticos não ionóforos, enzimas fibrolíticas, leveduras, lipídeos, própolis, entre outros. No entanto, certos aditivos, como os tampões e as leveduras, apresentam menor eficiência em bovinos de corte mantidos em sistemas de pastejo, sendo mais amplamente utilizados na produção leiteira e em sistemas que adotam dietas ricas em grãos. Outros aditivos, como os lipídeos e o própolis, ainda estão em fase de pesquisa e têm sido estudados por seu potencial como manipuladores da fermentação ruminal (OLIVEIRA,2005).

A categoria de aditivos nutricionais engloba substâncias utilizadas para preservar ou aprimorar as propriedades nutricionais dos ingredientes ou produtos destinados à alimentação animal. De acordo com a IN 44/15, essa categoria é composta por cerca de quatro grupos funcionais: vitaminas, provitaminas e substâncias quimicamente definidas com efeitos semelhantes; aminoácidos, seus derivados e sais; oligoelementos ou compostos contendo oligoelementos; além de ureia e seus derivados (SCHOGOR et al DANIELI,2020).

O objetivo principal é manter a população microbiana ativa no rúmen em um ambiente estável, com temperatura, pH e osmolaridade adequados. No entanto, a composição da dieta pode impactar esse equilíbrio, influenciando a taxa de digestão e o tempo de retenção, o que, por sua vez, afeta o metabolismo. Dessa forma, a dieta desempenha um papel crucial na determinação do número e da proporção relativa das diferentes espécies microbianas presentes no rúmen, bem como na manipulação da fermentação ruminal. Essa manipulação visa promover processos benéficos, reduzir ou eliminar aqueles ineficientes e mitigar impactos negativos ao animal hospedeiro (XAVIER,2020).

O uso de enzimas na alimentação de ruminantes pode ter diversos objetivos, incluindo a melhora na digestão e no aproveitamento dos nutrientes. Muitos produtos enzimáticos disponíveis comercialmente contêm uma combinação de enzimas ativas, como xilanase, glucanase, celulase, amilase, protease ou lipase, cada uma direcionada à digestão de nutrientes específicos (25). Para avaliar os efeitos da suplementação de celulase isolada e em combinação com xilanase na cinética de degradação ruminal, Wang e Xue (26) constataram que a adição dessas enzimas não promoveu melhora na digestibilidade dos nutrientes (P>0,05), tampouco no consumo e retenção de nitrogênio (P>0,05). Além disso, também não foram observados benefícios na redução das emissões de metano (26). Por outro lado, Romero et al. (27) analisaram os impactos da inclusão de xilanase exógena em uma dieta total misturada para vacas em lactação. A suplementação resultou em maior consumo de matéria seca (23,5 vs. 22,6 kg/d), matéria orgânica (21,9 vs. 20,9 kg/d) e proteína bruta (3,9 vs. 3,7 kg/d), embora não tenha influenciado a cinética de degradação ruminal da matéria seca (SCHOGOR et al, DANIELI,2020).

Os órgãos de saúde pública têm demonstrado preocupação crescente com o uso de antibióticos como aditivos na produção animal, especialmente devido ao risco de desenvolvimento de resistência bacteriana. Esse processo pode favorecer a seleção de cepas mais resistentes, representando um problema significativo para a saúde humana e animal. Em resposta a essa preocupação, os chamados aditivos alternativos têm conquistado cada vez mais espaço nas pesquisas relacionadas à nutrição de bovinos (XAVIER,2020).

A EFSA, órgão regulador de alimentos da União Europeia, define aditivos como: “substâncias, micro-organismos ou preparados que não se enquadram como matérias-primas para alimentação animal nem como pré-misturas, mas que são adicionados intencionalmente à ração ou à água com o objetivo de cumprir ao menos uma das funções previstas na legislação vigente.” Essa definição também contempla as mesmas categorias descritas na IN nº 44/15, com a inclusão dos coccidiostáticos e histomonostáticos. Da mesma forma, a FDA descreve aditivos alimentares como todas as substâncias mencionadas na seção 201 do termo, cuja aplicação se destina, ou é razoavelmente esperada, a se tornar um componente do alimento ou a modificar suas características, direta ou indiretamente(SCHOGOR et al, DANIELI, 2020).A categoria de aditivos sensoriais abrange os seguintes grupos funcionais: corantes ou pigmentantes, aromatizantes e palatabilizantes. Os aromatizantes e palatabilizantes têm como objetivo principal melhorar a aceitação e estimular o consumo dos alimentos. Por outro lado, os corantes e pigmentantes são incorporados às dietas para alterar as características visuais dos alimentos destinados aos animais ou dos subprodutos de origem animal, respectivamente. Os próprios alimentos já possuem propriedades que favorecem a palatabilidade e, consequentemente, a aceitação pelos ruminantes. No entanto, algumas dietas apresentam características que reduzem sua atratividade, como ocorre nas dietas pré-parto, que geralmente incluem uma alta concentração de minerais acidificantes (SCHOGOR et al DANIELI, 2020).

RESULTADO E DISCUSSÃO

Através de dados obtidos a partir de pesquisas realizadas em sites acadêmicos como Google scholar e outros sites de estudos pecuária de leite, obtivemos que, aditivos nutricionais podem melhorar a qualidade do leite ao aumentar a produção, melhorar a composição nutricional e fortalecer a saúde animal.

Para um bom uso de aditivos nutricionais na melhoria da qualidade do leite, é necessário, escolher aditivos adequados, como probióticos, prebióticos, ácidos graxos essenciais, vitaminas e antioxidantes. Administrar as doses corretas, sob orientação profissional, para evitar excessos e maximizar os benefícios. Manter a saúde do rebanho, acompanhamento veterinário regular e boas práticas de manejo. Garantir um ambiente adequado, oferecer conforto e alimentação balanceada para os animais. Monitorar continuamente os resultados avaliar a produção e qualidade do leite para ajustes contínuos. Com essas práticas, é possível melhorar a produção e qualidade nutricional do leite de forma eficaz.

De acordo com artigo de pesquisa de Beatriz Danieli e Ana Luiza bachmann Schogor da universidade do Estado de Santa Catarina O uso de aditivos na alimentação de ruminantes ainda é um dilema. Diante do avanço das pesquisas voltadas à nutrição de precisão, foram descobertos uma gama de substâncias. Estes produtos atuam positivamente sobre as características do alimento ou diretamente no desempenho animal e seu uso é permitido desde que não prejudiquem o valor nutritivo da ração. Aproximadamente quatro fatores devem ser considerados ao determinar se um aditivo alimentar deve ser usado: resposta esperada, retorno econômico, pesquisa disponível e respostas de campo (FRATER,2014).

No entanto, a permissão do uso no Brasil é regulamentada pela IN 44/ 2015, e vai muito além destes fatores. Atualmente os aditivos agrupados em quatro categorias (tecnológico, zootécnico, sensorial ou nutricional) e inúmeros grupos funcionais. Nos últimos anos os nutricionistas têm afirmado que a maioria de seus clientes usam algum tipo de aditivo na ração, por este motivo há necessidade de se conhecer as alternativas, bem como as características do regulamento que administra o uso das substâncias (FRATER,2014).

Os benefícios de diversos aditivos alimentares são amplamente reconhecidos. Entretanto, alguns deles levantam dúvidas devido a dados de pesquisas que apresentam resultados inconclusivos ou conflitantes. Ainda há uma grande quantidade de aditivos a ser explorada ou avaliada. Além disso, muitos aditivos atualmente em uso têm sido gradualmente proibidos ao longo dos anos. Nesse sentido, é fundamental considerar que a inclusão de aditivos na dieta de ruminantes deve ser uma alternativa de última instância e utilizada com prudência (SCHOGOR et al DANIELI, 2020).

Diversos aditivos possuem potencial para substituir os antibióticos utilizados como promotores de crescimento, manipulando de forma eficaz a fermentação ruminal. Além de agirem diretamente no rúmen, alguns aditivos, como determinadas bactérias, também desempenham funções no trato gastrointestinal, auxiliando na prevenção de agentes patogênicos e contribuindo para a melhoria do desempenho animal. Ao contrário dos antibióticos, pesquisas indicam que os probióticos oferecem uma vantagem significativa, pois não induzem resistência bacteriana por seleção. Os resultados obtidos com o uso de aditivos alternativos têm se mostrado satisfatórios, comparáveis ao desempenho alcançado com o uso de antibióticos, tanto em bovinos de leite quanto de corte. Dessa forma, os aditivos alternativos se apresentam como uma opção eficaz e segura para substituir os antibióticos como promotores de crescimento (XAVIER,2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão, o uso de aditivos nutricionais na alimentação de vacas leiteiras mostrou-se uma estratégia eficaz para atingir os objetivos deste trabalho, que visavam otimizar a produção e melhorar a qualidade do leite. Os resultados obtidos indicam que, ao escolher e administrar adequadamente aditivos como probióticos, prebióticos e ácidos graxos essenciais, é possível melhorar o aproveitamento de nutrientes e a saúde animal, resultando em leite com melhor composição nutricional. Além disso, os dados sugerem que, embora os aditivos sejam uma ferramenta valiosa, sua eficácia depende da implementação em sistemas bem estruturados, com práticas de manejo adequadas e acompanhamento contínuo. Dessa forma, é possível alcançar um aumento na produtividade de leite de forma sustentável e eficiente, cumprindo os objetivos do trabalho e proporcionando um impacto positivo na rentabilidade das propriedades leiteiras, sem comprometer a saúde do rebanho.

REFERÊNCIAS

EDUCAPOINT. Como funcionam os aditivos na dieta de vacasleiteiras.(04/04/2022). Disponível em:https://www.educapoint.com.br/v2/blog/pecuaria-leite/aditivos-dieta-bovinos-leite/

Danieli B, Schogor ALB. Uso de aditivos na nutrição de ruminantes: Revisão. Vet. e Zootec. 2020; 27: 001-013

Oliveira, T.S., Menezes, G.C.C., Aguiar, E.F. et al. Ionóforos e tampões na alimentação de ruminantes. PUBVET, Londrina, V. 2, N. 43, Art#414, Out5, 2008.

XAVIER, José Vinícius Valadares, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, December, 2020. Alternative food addives for cattle. Adviser: Cláudia Batista Sampaio.

Frater P. Feed additives in ruminant nutrition: can feed additives reduce methane and improve performance in ruminants? Agriculture and Horticulture Development Board; 2014. p.1-39.

Fábio Moitinho. Girodoboi. Aditivos nutricionais podem aumentar em 6% a produção de carne e leite na fazenda.(21/09/2023). Disponível em: https://girodoboi.canalrural.com.br/pecuaria/aditivos-nutricionais-podem-aumentar-em- 6-a-producao-de-carne-e-leite-na-fazenda/

BassoPancotte. Uso de aditivos nutricionais na dieta de vacas leiteiras. (07/03/2018). Disponível em: https://www.bassopancotte.com.br/uso-de-aditivosnutricionais-na-dieta-de-vacas-leiteiras/

Agrolink. Artigo: aditivos na alimentação de vacas leiteiras. (01/11/2026). Disponível em: https://www.agrolink.com.br/colunistas/coluna/artigo–aditivos-naalimentacao-de-vacas-leiteiras_388301.html

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