O CAFÉ: DIVERSAS FUNÇÕES NA SAÚDE HUMANA

Este capítulo faz parte da coletânea de trabalhos apresentados na VII Semana de Alimentos (Semal), publicado no livro: Avanços e Pesquisas em Ciência dos Alimentos: Novas Tendências e Aplicações. – Acesse ele aqui.

DOI: 10.53934/agronfy-2025-03-14

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Rodrigo Vieira da Silva; Brenda Ventura de Lima; Gabriela Araújo Martins; Matheus César Barbosa; Igor Calixto Morsoletto; Felipe Ferreira Ló; Maria Eduarda Teles de Queiroz.

*Autor correspondente (Corresponding author) –Email:Email: rodrigo.silva@ifgoiano.edu.br

RESUMO

O café é uma das bebidas mais consumidas do mundo e o Brasil destaca-se como maior produtor e exportador mundial. Vale salientar que o café é uma bebida nutracêutico com propriedades nutricionais e farmacêutica, sendo rico em sais minerais, lipídios, açúcares e aminoácidos, ácido clorogênicos e cafeína, além de desempenhar diversas funções na saúde humana. Um consumo moderado de um café de qualidade e numa torra adequada pode trazer diversos benefícios a saúde humana. Estudos científicos realizados em diversos países do mundo demonstraram a ação benéfica do café no combate de diversas doenças: depressão, tabagismo, mal de Parkinson e Alzheimer, além de problemas cardíacos. No entanto, a ingestão excessiva de café pode causar doenças estomacais, insônia e nervosismo, especialmente em gestantes e crianças. Diante desse contexto, os autores tiveram o objetivo de realizar uma revisão por meio de pesquisas bibliográficas, dos benefícios e malefícios do consumo de café na saúde humana, destacando suas propriedades químicas e farmacológicas deste famoso grão.

Palavras–chave: cafeeiro; cafeína; ácido clorogênicos; saúde; nutracêutico.

INTRODUÇÃO

O cafeeiro é uma espécie de origem africana, pertencente à família Rubiaceae e ao gênero Coffea. As duas espécies com maior importância econômica são o Coffea arabica, chamado de café arábica ou bebida fina, e o C. canephora, conhecido como café conilon ou robusta (1).

O Brasil é o maior produtor mundial de café, além de ocupar a segunda posição entre os maiores consumidores (2). A estimativa para a safra cafeeira do Brasil em 2024sinaliza uma produção de cerca de 55 milhões de sacas, em 2,25 milhões de ha, destaque Minas Gerais, maior produtor, responsável por cerca de 50% da produção nacional (2,3).

Segundo a Associação Brasileira de Indústria de café (3), o consumo de café vem apresentando um crescendo contínuo nas últimas décadas (Figura 1). O consumo de café no Brasil também é significativo, representando 13% da demanda mundial, com uma média de 839 xícaras de café por pessoa em 2018, tornando o país o segundo maior consumidor global de café (4).

A popularidade do café pode é devido em maior parte ao seu principal composto ativo, a cafeína, que exerce um efeito estimulante sobre o sistema nervoso central. A cafeína, um alcaloide do grupo das xantinas é encontrada em abundância nas sementes de café. A semelhança estrutural da cafeína com a adenosina permite que ela bloqueie os efeitos inibitórios desta, promovendo a liberação de neurotransmissores que aumentam a concentração e o desempenho cognitivo e psicomotor (5).

Pesquisas indicam que a ingestão de café não deve ser considerada um fator de risco para doenças cardiovasculares ou cânceres de bexiga, intestino e pâncreas (6). Pelo contrário, o café possui substâncias antioxidantes, anticarcinogênicas e antiteratogênicas que podem reduzir o risco de certos tipos de câncer (6,7). Um estudo publicado em 2012 acompanhou mais de cinco milhões de pessoas no período de 1995 a 2008, revelando uma relação inversa entre o consumo de café e a mortalidade, beneficiando tanto homens quanto mulheres, especialmente no caso do café com cafeína (8). Além disso, o consumo de café tem sido associado à prevenção de doenças crônicas como Diabetes Mellitus tipo 2, Parkinson e hepatopatia crônica, além de melhorar biomarcadores inflamatórios e resistência à insulina (7,9,10).

Embora o café tenha diversos benefícios, o consumo excessivo pode causar efeitos adversos, como insônia devido à ação estimulante da cafeína no sistema nervoso. Portanto, recomenda-se a ingestão moderada, especialmente no período noturno ou em casos de sensibilidade à cafeína (11).

Diante da importância do café na vida das pessoas e de seus componentes nutricionais, este trabalho teve o objetivo de realizar uma revisão por meio de pesquisas bibliográficas, os benefícios e malefícios do consumo de café, destacando suas propriedades químicas e farmacológicas, além dos possíveis efeitos colaterais do consumo excessivo.

REFERENCIAL TEÓRICO

A Origem do café

O cafeeiro, Coffea spp., é originário das florestas montanhosas da Etiópia, sudeste do Sudão e Norte do Quênia (11). Posteriormente, do sudeste da Etiópia, o café migrou para a Península Arábica uma região desértica do Oriente Médio, onde teve grande aceitação, por ser um fator estimulante que inibe a sonolência, o café era muito utilizado por advogados e juízes que tinham afazeres noturnos, para prolongar suas noites, utilizavam a bebida constantemente. Assim, o café começou a se disseminar por todo o Ocidente, sendo introduzido no Novo Mundo pela Companhia das Índias Ocidentais, tornando-se um dos principais produtos agrícolas comercializados (12).

Importância do café

No Brasil, o café é muito mais do que uma paixão nacional, todavia uma potência econômica, representando uma das principais commodities agrícolas, com impacto direto na geração de empregos e no desenvolvimento regional (13). Historicamente, a cultura foi responsável por direcionar e moldar aspectos culturais e sociais, especialmente durante o no século XIX, consolidando-se como um símbolo de hospitalidade e tradição. Atualmente, o consumo global cresce com novas tendências, como o interesse por métodos de preparo e pela sustentabilidade na cadeia produtiva.(13).

O café é um dos principais produtos de exportação agrícola global e uma das maiores fontes de renda para países como o Brasil, Vietnã, Colômbia e Etiópia, onde movimenta mais de 100 bilhões de dólares anualmente (3) (Figura 2). No Brasil, este produto agrícola responde por uma parcela significativa do PIB agrícola e emprega milhões de trabalhadores diretos e indiretos, desde pequenos produtores até grandes exportadores. A cadeia produtiva do café abrange desde o cultivo e a colheita até a industrialização e o comércio, gerando oportunidades para inovação tecnológica e sustentabilidade (2,3).

Cafés especiais e saúde humana

Os cafés especiais, reconhecidos por sua alta qualidade e rastreabilidade, possuem concentrações elevadas de compostos benéficos, como os antioxidantes. Esses cafés são frequentemente cultivados com maior preocupação ambiental e social, o que reforça seu apelo ao consumidor preocupado com a saúde e a sustentabilidade. Estudos sugerem que o consumo regular de cafés especiais pode estar associado a uma redução no risco de doenças crônicas devido à alta biodisponibilidade de compostos bioativos (7).

O café como nutracêutico

Os Nutracêuticos são alimentos ou ingredientes que, além de suas funções nutricionais básicas, oferecem benefícios à saúde. O café enquadra-se nessa categoria devido à sua riqueza em compostos bioativos, como polifenóis, cafeína e melanoidinas, que demonstram propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e neuroprotetoras (13).

Além disso Estudos indicam que o consumo moderado de café pode: Reduzir o risco de doenças cardiovasculares, graças à sua ação vasodilatadora e antioxidante. Proteger contra o diabetes tipo 2, pela regulação dos níveis de glicose e sensibilidade à insulina. Ajudar na prevenção de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, devido à estimulação do sistema nervoso central e Contribuir para a saúde hepática e metabólica (7, 13, 25).

Principais substâncias do café

O café é composto por uma complexa mistura de substâncias químicas. Entre as principais estão a cafeína, os ácidos clorogênicos, lipídeos, melanoidinas e compostos voláteis. A cafeína é conhecida pelo efeito estimulante no sistema nervoso central, enquanto os ácidos clorogênicos apresentam propriedades antioxidantes e hepatoprotetoras. Lipídeos, embora presentes em menores quantidades, contribuem para o sabor e a textura, enquanto as melanoidinas têm papel antioxidante e antimicrobiano (2).

A cafeína representa a substância psicoativa mais consumida no mundo, é um alcalóide farmacologicamente ativo. Ela age como estimulante do sistema nervoso central, aumentando a atenção. Sua estrutura possui grandes semelhanças com a adenosina, desta maneira ela possui a capacidade de se ligar com os receptores que deveriam ser utilizados pela adenosina (14). Outro efeito dessa substância é facilitar a a queima de gorduras, favorecendo o metabolismo. Além disso, ela promove a injeção de adrenalina no sistema nervoso melhorando a concentração, induz a produção de dopamina (sensação de prazer), atua melhorando a circulação sanguínea, ajuda na digestão e na respiração (15, 16).

É possível observar, cientificamente, os efeitos positivos da cafeína no processamento de informações, memória e raciocínio lógico. Os consumidores constantes de café, apresentam quase sempre efeitos agradáveis, além de maior capacidade intelectual e melhor associação de ideias, podendo até mesmo haver estimulação da capacidade e da velocidade de ler, também reduzindo a sonolência, a apatia e a fadiga (7).

A cafeína se constitui em um dos principais estimulantes naturais. A vantagem da cafeína natural em relação às drogas sintéticas é que não é preciso aumentar a dose cada vez mais para obter o mesmo efeito, ou seja, apenas uma xícara pequena de café (50 ml), pela manhã, é o suficiente para deixar o cérebro alerta (7). A atividade antioxidante do café mostra a capacidade de prevenir o dano oxidativo às células vivas, com isso, há redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como neoplasias malignas (17).

Os ácidos clorogênicos são antioxidantes potentes que combatem os radicais livres, ajudando a prevenir o envelhecimento e doenças crônicas. Eles também participam da regulação da glicose no sangue, sendo benéficos para a saúde metabólica.

As melonoidinas são formadas durante o processo de torrefação, elas apresentam propriedades antioxidantes e antimicrobianas (7). Contribuem para a cor e o sabor do café, além de favorecerem a saúde intestinal (14).Já os lipídeos influenciam a cremosidade e o corpo do café. Os compostos voláteis são responsáveis pelos aromas característicos, que variam dependendo da origem e do processo de torra (14).

Papel do café no controle e prevenção de doenças

O café quando consumido em doses adequadas, apresenta diversos benefícios para o corpo humano, tendo ação anti-inflamatória, antioxidante e estimuladora do sistema nervoso (7,14). Ao ser consumido, o café também pode diminuir os impactos causados pelo cansaço, enxaquecas, pode aumentar a concentração e melhorar o funcionamento do cérebro, coração, rim e sistema imune (18,19). Estudo mostra que a ingestão de café promove uma menor probabilidade de desenvolver cânceres de próstata, fígado, melanoma e colo retal (20). O café também está associado à redução do risco de várias doenças, incluindo depressão, tabagismo e condições neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson (7,18,20, 25), como verificado na figura 4 abaixo.

No caso da depressão, compostos bioativos do café, como a cafeína e os antioxidantes, desempenham um papel crucial (21,22). A cafeína age bloqueando os receptores de adenosina no cérebro, um neurotransmissor que promove o cansaço e sintomas depressivos. Assim, melhora o estado de alerta e regula o humor. Além disso, as propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias do café contribuem para reduzir os níveis de estresse oxidativo e inflamação no cérebro, fatores frequentemente associados à depressão (23).

Quanto ao tabagismo, o café pode ser um aliado indireto na cessação. A cafeína, ao atuar no sistema de recompensa cerebral, ajuda a aliviar sintomas de abstinência e melhora a cognição, oferecendo suporte em momentos de ansiedade e estresse que surgem durante a interrupção do uso de nicotina. Estudos sugerem que o café pode ser uma ferramenta auxiliar em programas de cessação, ao promover sensação de bem-estar (24).

Por fim, no âmbito das doenças neurodegenerativas, o café se destaca por seus efeitos protetores. A combinação de cafeína, antioxidantes e outros compostos bioativos reduz a inflamação e o estresse oxidativo, fatores que contribuem para a morte celular e o avanço de doenças como Alzheimer e Parkinson (25). Pesquisas também mostram que o consumo regular de café estimula vias metabólicas que ajudam na manutenção da saúde cerebral, além de promover um ambiente intestinal saudável, importante para a prevenção dessas condições (25). Em suma, o café apresenta um potencial significativo como aliado na promoção da saúde, especialmente na prevenção e controle de doenças mentais e degenerativas. Contudo, é essencial que o consumo seja equilibrado, respeitando as particularidades de cada indivíduo (25).

Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes tipo 2 é uma doença metabólica crônica sendo caracterizada como um conjunto de alterações metabólicas caracterizada por níveis elevados e sustentados de glicemia (hiperglicemia). A doença se desenvolve pelo comprometimento progressivo da produção de insulina pelas células pancreáticas tipo beta e pela resistência a ação do hormônio em órgãos como fígado e músculo.

O café possui diversas substâncias em sua composição (tabela 1) que já foram realizados grandes estudos na Holanda, EUA, Finlândia e Suécia, onde descobriram queo consumo de café está associado a reduções significativas dependentes da dose no risco de desenvolver DM tipo 2.

O ácido clorogênico pode reduzir a absorção intestinal de glicose e inibir os hormônios incretinas do intestino, enquanto que no fígado, o ácido clorogênico pode inibir a atividade da glicose-6-fosfatase (26). Estes mecanismos podem atenuar as concentrações de glicose no sangue e possivelmente reduzir o risco de desenvolver ou atrasar o aparecimento de DM2 (27). O café também contém propriedades antioxidantes que podem proteger as células β do pâncreas de reações oxidativas por radicais livres ou promover a sensibilidade à insulina nos tecidos periféricos, atrasando ou diminuindo o risco de aparecimento de DM2 (28).

Em suma, pode-se concluir que o consumo de café tem um efeito benéfico na diminuição do risco de desenvolver DM2, não sendo claro qual o nutriente ou nutrientes responsáveis por esse efeito (29).

Doença de Parkinson

O Parkinson é uma doença causada pela morte de neurônios produtores de dopamina no cérebro afetando o movimento do corpo. O café possui um efeito protetor contra a doença de Parkinson onde a cafeína atua como antagonista do receptor da adenosina A2a, que recentemente estão sendo utilizados em terapias antiparkinsonianas. Atrelado a isso, a cafeína também é apontada como detentora de outros benefícios neuroprotetores, prevenindo morte celular por apoptose induzida por fator de resposta sérica e toxinas relacionadas à doença de Parkinson (30).

Estas descobertas relacionadas ao efeito do café e da cafeína, a nível do sistema nervoso central, serviram inclusivamente como base para o desenvolvimento e aplicação de alguns ensaios clínicos, que acabaram por demonstrar uma melhoria sintomatológica em doentes com DP moderada, submetidos a um tratamento com antagonistas dos receptores de adenosina A2a (31).

Doenças no fígado

Para o fígado, os estudos científicos têm demonstrado os benefícios desta bebida na prevenção de doenças hepáticas e também no tratamento adjuvante de diversos agravos hepáticos.

No tratamento da hepatite C, o consumo de duas a cinco xícaras de café por dia é recomendado por especialistas, pois foi observado melhor chance de resposta ao tratamento antiviral (32). Estudos robustos mostram o efeito protetor do café em relação a deposição gordurosa hepática, além de redução de fibrose e cirrose (33).

A cafeína se liga aos receptores de uma molécula denominada adenosina. Tal aspecto faz reduzir o mecanismo de fibrogênese hepática gerada por agressões às células do fígado. Tornando-o um agente possivelmente antifibrosante, reduzindo assim a evolução das doenças hepáticas para a cirrose (32).

Recomendação de uso do café

De acordo com a endocrinologista Cíntia Cercato, pesquisas recentes indicam que o consumo de café pode ser vantajoso para a saúde cardíaca e na prevenção de enfermidades neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Ademais, o café possui uma abundância de antioxidantes, flavonoides e outros elementos que favorecem a circulação do sangue e salvaguardam as células corporais (7). A médica explicou que a dopamina e a adrenalina, hormônios naturais estimulantes, são liberados durante o consumo de café, contribuindo para o aumento da motivação e da energia (7, 25).

No entanto, o consumo excessivo de café pode trazer efeitos adversos. O abuso da substância pode levar a problemas como arritmia, irritabilidade, nervosismo e até insônia. Em gestantes, a ingestão acima da dose recomendada pode prejudicar o desenvolvimento cerebral do feto. Um estudo da USP, publicado na revista Clinical Nutrition, concluiu que o consumo superior a três xícaras de café por dia (720 ml) pode elevar a pressão arterial, especialmente em pessoas com predisposição à hipertensão (25).

A indicação do uso de seguro muda conforme a idade e o estado de saúde do indivíduo. Para um indivíduo de aproximadamente 70 quilos, a ingestão diária de cafeína deve oscilar entre 300 e 400 miligramas, o que corresponde a aproximadamente 4 xícaras de café passado. A dose sugerida para crianças e adolescentes é de 100 miligramas, o que corresponde a uma xícara de café. No entanto, gestantes e mulheres amamentando devem restringir o consumo a 200 miligramas, o que equivale a aproximadamente duas xícaras. Indivíduos com sensibilidade à cafeína precisam ingerir de 100 a 200 miligramas de cafeína diariamente. Ademais, é crucial destacar que a cafeína presente no café expresso é três vezes superior à do café coado, o que deve ser considerado ao calcular o consumo diário de cafeína (7, 25).

No que diz respeito ao consumo de café por crianças, um endocrinologista recomenda que crianças com menos de dois anos não devem ingerir café. Acima dessa idade, é preferível optar por detalhes menores, como um café misturado ao leite no café da manhã, em vez de recorrer a achocolatados (25).

Assim, o café pode ser uma ferramenta benéfica para a saúde, contudo, sua ingestão deve ser controlada e ajustada às demandas individuais, levando em conta as condições de saúde de cada indivíduo (25).

CONSIDERAÇÕES E PERSPECTIVAS

O café continua sendo objeto de diversas pesquisa devido aos seus potenciais benefícios para a saúde. Estudos recentes apontam novas perspectivas em relação aos compostos bioativos presentes no café, como antioxidantes e polifenóis, que podem contribuir para a proteção contra diversas doenças, incluindo problemas cardíacos, neurodegenerativos e metabólicos (31).

A qualidade do café consumido também desempenha um papel importante nos benefícios observados. Métodos sustentáveis de cultivo, como a agricultura regenerativa, ajudam a preservar os compostos bioativos dos grãos e minimizam os impactos ambientais. Esses processos, aliados a novas técnicas de torrefação, garantem a preservação de nutrientes essenciais e melhoram a experiência sensorial dos consumidores (19, 25, 34).

A criação de institutos dedicados exclusivamente à pesquisa sobre o impacto do café na saúde, como proposto por cientistas brasileiros, pode impulsionar descobertas ainda mais relevantes. Essas iniciativas buscam desmistificar mitos sobre o consumo da bebida e ampliar o entendimento de seu papel em dietas saudáveis (19).

Concluindo, o café, além de ser uma paixão nacional e uma potência econômica no Brasil, traz sérios benefícios à saúde quando consumido moderadamente. No caso de um café de qualidade e na dose correta, este alimento nutracêutico protege o coração, previne doenças neurodegenerativas e melhora a disposição e o humor, graças principalmente à cafeína e aos antioxidantes presentes. No entanto, o consumo excessivo pode causar insônia, nervosismo e complicações em gestantes. Assim, é crucial ajustar a ingestão de café às necessidades individuais, equilibrando os benefícios com os possíveis riscos, para aproveitar ao máximo essa bebida apreciada globalmente.

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