Pesquisadores utilizam goma de caju modificada para desenvolver microesferas de liberação controlada de medicamentos

Pesquisadores desenvolveram microesferas de liberação controlada utilizando alginato de sódio e goma de caju carboximetilada (CMCG), um biopolímero natural modificado. Aplicando a técnica de gelificação ionotrópica com íons Zn²⁺ e planejamento fatorial 3², a formulação apresentou alta eficiência de encapsulamento e liberação sustentada do fármaco Isoxsuprina HCl ao longo de 7 horas. A abordagem combina inovação farmacêutica e aproveitamento de recursos naturais, promovendo alternativas mais sustentáveis e eficazes no desenvolvimento de sistemas de liberação controlada.

Em uma proposta inovadora que alia sustentabilidade e tecnologia farmacêutica, um grupo de pesquisadores desenvolveu microesferas capazes de promover a liberação prolongada do fármaco Isoxsuprina HCl utilizando uma combinação de alginato de sódio e goma de caju carboximetilada (CMCG). O trabalho, baseado na técnica de gelificação ionotrópica com íons Zn²⁺, resultou em um sistema com alta eficiência de encapsulamento (79,92%) e perfil de liberação sustentada ao longo de 7 horas (58,67%).

A goma de caju, extraída do cajueiro (Anacardium occidentale), é um polissacarídeo natural com baixo custo, biodegradável e abundante em regiões tropicais como o Brasil. No entanto, para aplicações farmacêuticas mais avançadas, essa goma foi quimicamente modificada por carboximetilação, aumentando sua capacidade de formar redes poliméricas com outros biopolímeros, como o alginato. A junção desses dois materiais resultou em microesferas com boa integridade estrutural, controle de porosidade e propriedades ideais para a liberação controlada de fármacos.

O fármaco utilizado como modelo foi a Isoxsuprina HCl, um vasodilatador com meia-vida curta (2,5 a 3 horas), normalmente usado no tratamento de doenças vasculares e como relaxante uterino. Por necessitar de múltiplas doses diárias e estar associado a efeitos adversos como náuseas e tonturas, a formulação de uma versão de liberação prolongada representa uma alternativa terapêutica importante, com potencial para melhorar a adesão ao tratamento e reduzir os efeitos colaterais.

A formulação foi otimizada por meio de um planejamento fatorial 3², permitindo avaliar e ajustar a proporção entre os polímeros e a concentração do agente de reticulação (ZnSO₄) de forma sistemática. Além disso, as microesferas foram caracterizadas por diferentes técnicas, como microscopia eletrônica de varredura (SEM), espectroscopia no infravermelho (FTIR) e calorimetria diferencial de varredura (DSC), confirmando a morfologia adequada e a estabilidade do fármaco dentro da matriz polimérica.

Os resultados indicam que a incorporação da goma de caju modificada não apenas amplia as aplicações de um recurso natural subutilizado, como também contribui para o avanço de sistemas de liberação controlada mais sustentáveis, acessíveis e eficazes.

Essa abordagem representa um avanço significativo na busca por soluções farmacêuticas mais alinhadas com os princípios da química verde e da inovação em biomateriais. As microesferas desenvolvidas têm potencial para aplicação futura em diferentes medicamentos, especialmente aqueles que exigem liberação prolongada com maior controle terapêutico.

*Imagem ilustrativa! Figuras reais estão no artigo.

Referência: DAS, B.; DUTTA, S.; NAYAK, A. K.; NANDO, U. Zinc alginate-carboxymethyl cashew gum microbeads for prolonged drug release: Development and optimization. International Journal of Biological Macromolecules, v. 70, p. 506-515, set. 2014. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0141813014005054?via%3Dihub.

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